PROFESSOR ESTUDANTE

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FILOSOFIA DO PROFESSOR ESTUDANTE



Particularmente compreendemos que ser educador é ter a capacidade de acreditar na

diferença, questionar, reconstruir e aprender na profissão, na vida. É interligar o nosso

projeto de vida com o projeto de vida da escola, pois ambos se completam.


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terça-feira, 13 de julho de 2010

CONSELHO DE CLASSE PARTICIPATIVO:

Toda a dinâmica da ação educativa e com maior ênfase, da ação educativa
institucionalizada, deriva do projeto ou proposta que anima, impulsiona, organiza e conduz. Valem as instituições educativas pela proposta pedagógica que veiculam e, a que fornecem as condições de realização (...)”. (Marques, 1990: 132-133).


As normas emanadas da política nacional de educação colocam o Conselho de Classe
como uma das atividades do processo educativo, devendo ser um critério para concluir a
avaliação fiscal.
“O Conselho de Classe deve oferecer possibilidades de um juízo sobre a evolução do
processo educativo na pessoa do aluno, através da análise de suas manifestações de comportamento” (1992).
O conselho de classe realizado nas escolas, sempre foi motivo de inquietação, pois
somente professores reuniam-se para discutir o processo educativo, como detentores do saber.
Dessa forma, havia bastante resistência e descrédito, até mesmo pelos próprios professores
que o realizavam. Alguns chegavam a referir-se a este momento, como sendo um momento de
catarse, em que se dividiam os problemas e, conseqüentemente, não se encontravam culpados,
ou a vítima era sempre o aluno e a família, excluindo-se qualquer responsabilidade ao
professor ou à escola.
Neste contexto, os professores atendiam com mais eficiência à dimensão instituída, os
alunos ideais, deixando de cumprir seu papel dentro da escola pública, quando teriam a
função de atender a todos e a cada um particularmente. Poucos são os professores que
conheciam seus alunos e contextualizavam seu modo de vida. Os demais se queixavam que
não conseguiam fazê-lo.
Para se conseguirmos uma visão da evolução da aprendizagem e do processo é necessário que, no mínimo, os dois principais envolvidos se façam presentes para, num confronto de idéias, avaliar com clareza a caminhada e estabelecer a forma correta de retomála.
Mas se o aluno, na verdade, passa a maior parte do tempo fora da escola, para que
tenhamos continuidade, é preciso que os pais sejam conhecedores da situação e participem
diretamente na avaliação e na construção de metas para a solução dos problemas encontrados.
Só assim poderão acompanhar os filhos nas tarefas escolares do dia-a-dia.
É importante a participação dos pais não só no momento do conselho, mas em todas as
ações que a escola desenvolve. Assim, é necessário verificar a real validade dos Conselhos de
Classe, como forma de redefinir sua elaboração, execução e avaliação.
Sob esta perspectiva, o Conselho de Classe da escola acontece através de um trabalho
colaborativo entre os sujeitos que compõem o espaço escolar, para que este se transforme em
um espaço importante de avaliação constante que deve abranger todos os segmentos da
organização escolar (atuação dos professores, equipe diretiva, desempenho docente e discente,
envolvimento dos pais, conteúdos, recursos...).
Este trabalho investigativo/transformador prevê a participação dos pais, dos alunos e
dos docentes na definição da avaliação, análise dos resultados, problemas levantados e metas
de solução a serem seguidas. Todos devem estar comprometidos com a qualidade
educacional, como responsáveis por resultados, fracassos e recursos de aprendizagem.
O Conselho de Classe, então, torna-se um espaço de reflexão pedagógica em que os
pais, alunos e professores, situam-se conscientemente no processo, servindo para reorientar a
ação pedagógica, a partir de fatos apresentados e metas traçadas no Projeto Político
Pedagógico.

Não está nas possibilidades da escola mudar as características de vida dos alunos
ou de suas famílias, mas, a escola pode e deve mudar as formas e condições do
serviço prestado, conforme as características dos alunos. (PENIN, 1992, p.90).

Dentre as funções da escola, cabe desenvolver um processo de inovação. É preciso que
acompanhemos a modificação atual através de uma educação reflexiva e participativa, em que
a observação, reflexão, ação, possam transformar a estruturação do Conselho de Classe hoje
apresentado às escolas. Neste sentido, para atender à função social, da escola utiliza-se esta
modalidade de Conselho de Classe, em que se constata de forma comum as dificuldades no
desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, no qual, através do diálogo, as pessoas se
auxiliam para agir de forma coerente e inovadora, construindo coletivamente soluções,
visando a alcançar maior sucesso educacional e conseqüente transformação dos envolvidos
no processo.
O trabalho educativo tem se mostrado difícil quando desejamos trabalhar numa
perspectiva de transformação. Uma educação voltada para uma ação na ação e para a
educação, destacando o Conselho de Classe Participativo, como estratégia para uma maior
qualidade no processo educacional, abrindo-se espaços para que o diálogo em relação à
aprendizagem aconteça entre pais, alunos e professores.
De acordo com Demo (1992 p.10):
...no mundo moderno a educação em sentido amplo de capacidade de
aprender a aprender e de constantemente reciclar-se, tende a ser o patrimônio
mais estratégico da pessoa e da sociedade, principalmente em termos de
oportunidade de desenvolvimento.
Nesse sentido, no âmbito escolar, os Conselhos de Classe são importantes estratégias
na busca de alternativas para a superação dos problemas pedagógicos, comunitários e
administrativos da escola, com a participação de todos os envolvidos no processo ensinoaprendizagem,
construindo juntos propostas que permitam, a todos, agir em conjunto,
primando por uma mudança educacional.
Para Sant’Ana (1995: p.87-88):
O Conselho de Classe é a atividade que reúne um grupo de professores da
mesma série, visando em conjunto chegar a um conhecimento mais
sistemático da turma, bem como acompanhar e avaliar o aluno
individualmente, através de reuniões periódicas.
A avaliação escolar e os Conselhos de Classe são elementos para a imprescindível
mudança na luta pela democratização do espaço escolar. Precisamos de uma escola
comprometida com os reais interesses da população, ou seja, que promova seu
reconhecimento, valorização e conhecimento mútuo, o compromisso com a aprendizagem, o
respeito às diferenças individuais, fortalecendo a igualdade de direitos e de condições à
justiça, à liberdade, ao diálogo e, portanto, à democracia. Cremos que uma escola engajada na
comunidade oportunizará a formação de um sujeito crítico e consciente para enfrentar os
desafios que a vida lhe apresentará, contribuindo para a construção de um novo
conhecimento, repensando a prática institucionalizada, com o dever de contribuir para um
ensino de qualidade.
A transformação da educação escolar só será realizada por sujeitos auto-reflexivos,
esclarecidos e conscientes do seu papel social. Deste modo, refletindo sobre a validade dos
atuais Conselhos de Classes, contribuiremos para que esse momento seja transformado, via
investigação/dialógica com o objetivo de atender à função social a que se destina a escola.
Os diálogos desencadeados no Conselho de Classe Participativo farão com que pais,
alunos e professores conheçam a escola, o seu fazer pedagógico e tracem novos caminhos
para atingirem seus objetivos.
Paulo Freire nos diz: “A prática de pensar a prática é a melhor maneira de pensar
certo”. ( p.65). Dessa forma, conhecer e avaliar profundamente a prática da escola, a história
de vida do aluno, a ética, a política do professor, o comprometimento dos pais, a articulação
da equipe diretiva, a metodologia e o currículo, para poder nela investir, torna-se uma
exigência para o avanço do projeto de redemocratização de nossa sociedade.
Essa consciência histórica gera compromisso, faz-nos agentes de nossa história. Os
educadores que acreditam numa educação transformadora, se comprometem e modificam as
estruturas escolares, da qual o Conselho de Classe faz parte.
O Conselho de Classe permite uma compreensão e uma análise crítica da prática
pedagógica através de uma concepção participativa e transformadora. Se atualmente revela
rotina, repetição, ritualismo, fragmentação, conservadorismo nas relações e práticas
pedagógicas/sociais, de forma participativa revelará buscas, questionamentos, atitudes e
soluções que surgirão em resposta aos desafios de uma investigação-ação.
Para Barbier (1985:35) “Como o objetivo é aprender depressa, não devemos ter medo
de enfrentar as próprias insuficiências”. Neste sentido, é importante tornar realidade o sonho
de usufruir do Conselho de Classe como um espaço de participação, de construção e
autonomia, considerando o contexto em que ele se insere.



CONSELHO DE CLASSE PARTICIPATIVO:
UMA EXPERIÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA
Rosilãne de Lourenço Lorenzoni1
Terezinha Leiza Rempel2
Elisane Scapin Cargnin3
Joze Medianira dos S. A. Toniolo4

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